quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

França precisa do Brasil para enfrentar crise

 












O primeiro-ministro francês, François Fillon, afirmou nesta quinta-feira que seu país precisa da "liderança do Brasil e de sua presidente, Dilma Rousseff", em uma época em que a Europa enfrenta "uma crise de confiança" provocada por problemas de dívida.



Fillon, que realiza uma visita de quatro dias ao Brasil, também pediu a aceleração da parceria estratégica entre os dois países, lançada em 2008, em discurso na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).



"Precisamos da parceria do Brasil e de sua presidente Dilma Rousseff, de suas convicções, e do exemplo que sua extraordinária trajetória pessoal representa", afirmou, em declarações a empresários em São Paulo.



"Em um momento em que a Europa enfrenta uma crise de confiança, agora precisamos exatamente tirar vantagem do enorme potencial oferecido pela parceria estratégica entre França e Brasil", acrescentou.



"Nós queremos desenvolver esta cooperação, naturalmente no setor aeronáutico, bem como nas áreas espacial e do trem de alta-velocidade porque nossos laços claramente superaram o estágio produtor-consumidor para alcançar aquele de uma parceria genuína e equilibrada", continuou.
 
Após visitar São Paulo, Fillon seguiu para Brasília, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff.


Dilma, por sua vez, disse ter reafirmado ao chefe do governo francês "a disposição do governo brasileiro de realizar, caso seja necessário, novos aportes de recursos" ao Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de condicionado a "garantias de que a reforma de 2010 seja aplicada".

O Brasil pede reformas no FMI, ampliando a participação dos países emergentes. O país ofereceu aumentar sua fatia no fundo para dotá-lo de instrumentos para ajudar em meio à recessão europeia, caso fosse necessário, e rejeitou uma participação direta nos fundos de resgate.

Mais cedo, o premier francês revelou a líderes empresariais que a França pode vir a enfrentar novos "solavancos" por conta da crise da dívida na Eurozona, em meio a rumores de que poderia perder a classificação de triplo A.

Mas ele minimizou o risco de rebaixamento, reforçando que "o que importa não é o julgamento em um certo dia" de agências de classificação, mas "a trajetória orçamentária politicamente estruturada e rigorosa que a Europa e a França decidiram adotar".

"A crise não terminou e é provável que tenhamos que enfrentar novos solavancos. Os mercados e as agências de classificação têm sua própria lógica", afirmou. "Eles lidam com o imediato, o instantâneo", acrescentou.

Duas agências, a Standard & Poor`s e a Moody`s, alertaram que estão colocando a França sob avaliação e os mercados avaliam que Paris deve perder uma ou até duas posições na escala de classificação.

França e o governo do estado de São Paulo firmaram nesta quinta-feira uma carta de intenções, segundo a qual a agência de desenvolvimento francesa financiará grande parte da construção de um trem que ligará o aeroporto de Guarulhos ao centro da capital antes da Copa do Mundo do Brasil de 2014.

O custo total do projeto, que deve estar operacional em 2014, é de 640 milhões de dólares, segundo o governador Geraldo Alckmin.

Fillon também disse que empresas francesas querem aumentar sua participação na infraestrutura brasileira, nos setores de transporte e aviação.

O volume de transações comerciais entre França e Brasil somam mais de sete bilhões de euros (9 bilhões de dólares) e cerca de 500 empresas francesas operam no Brasil.

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